O filho do agente federal Wilton Tapajós Macedo –
morto a tiros em um cemitério de Brasília na terça-feira (16) –, André Tapajós, disse nesta quinta (19) que "a família acredita em execução" e descarta que ele tenha sido assassinado após bandidos tentarem roubá-lo.
Segundo André Tapajós, que prestou depoimento à polícia, o agente não havia contado à família que tivesse recebido ameaças e confirmou que o pai tinha dívidas, "mas com o banco, não com agiotas", como chegou a ser veiculado.
"Ele [Wilton Tapajós] nunca falou nada com a gente sobre ameaças que tivesse sofrido. A gente ficou sabendo pela imprensa de algumas coisas, mas ele não comentou nada sobre ameaças. Ele não tinha inimigos, mas talvez tenha feito pela profissão e pelas atividades que exercia", disse.
"Para nós da família, foi execução. Eu não faço muita ideia do que pode ter acontecido, mas não acreditamos em latrocínio. Meu pai tinha dívidas no banco, mas nunca teve envolvimento com agiotas. Eu acho que tem alguma coisa a ver com essas operações que ele participou", completou o filho do agente morto.
Macedo trabalhava na Polícia Federal desde 1987 e atuava no núcleo de inteligência da corporação. Ele trabalhou na operação Monte Carlo, que resultou na prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira em
29 de fevereiro. A PF e a Polícia Civil investigam o caso.
Segundo a Superintendente Regional da Polícia Federal no DF, Silvana Borges, os responsáveis pela investigação têm dois suspeitos de envolvimento no assassinato do agente.
"Estamos buscando todas as informações para chegar aos autores do crime. Por enquanto, são dois suspeitos", afirmou Silvana, durante
velório nesta manhã. Ainda segundo ela, as investigações são feitas de forma "conjunta" e "nenhuma possibilidade pode ser descartada até que o caso seja esclarecido".
O
enterro ocorreu na manhã desta quinta no cemitério Campo da Esperança e o agente foi enterrado no mesmo local onde morreu, no túmulo onde os pais também estão enterrados.
InvestigaçãoDe acordo com a superintendente, a apuração do crime é feita em conjunto pelas polícias Civil e Federal e segue em sigilo. Ela disse ainda que o carro da vítima, levado pelos assassinos, ainda não foi encontrado. “A PF não está intimidada, mas, sim, preparada para esse tipo de caso”, disse a superintendente.
O secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, foi ao velório e confirmou a ação conjunta das polícias. "Existe uma integração entre a PF e Polícia Civil do DF, existe uma força tarefa para investigar este assassinato. Há, inclusive, o apoio das polícias de diversos estados".
A delegacia que investiga o caso, a 1ª DP, na Asa Sul, informou que o agente Tapajós teria sofrido ameaças e até registrado ocorrência na Corregedoria da Polícia Federal (PF) após ser perseguido por um carro na saída de um shopping de Brasília. Diante dessas informações, ganham força duas possibilidades:
morte encomendada ou acerto de contas.
Família do agente Wilton Tapajós reunida no
cemitério Campo da Esperança, em Brasília, após
o enterro (Foto: Vianey Bentes/ TV Globo)
Segundo laudo preliminar de balística, o policial federal levou dois tiros de revólver calibre 38. O primeiro, na nuca, à média distância, foi o tiro fatal; o segundo, na têmpora, à queima-roupa, foi o de confirmação. Fontes ligadas à investigação afirmam que as características dos tiros reforçam a hipótese de que o agente foi executado e mostram que o crime pode ter sido cometido por
profissionais.
O ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, disse ser "
precipitado" afirmar que o assassinato do policial federal tem relação com a participação do agente na Operação Monte Carlo. "Nesse momento é precipitado tirar qualquer conclusão em relação a esses fatos. Mas a Polícia Federal está se empenhando e seguramente nós vamos encontrar as causas desse ato perverso que vitimou o agente da PF", afirmou Cardozo.
Viúva do policial federal morto com dois tiros é consolada por amigos durante velório (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)
Perfil
Na Polícia Federal desde 1987, Wilton Tapajós Macedo trabalhou na Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Carlos Cachoeira e outras 34 pessoas envolvidas com jogo do bicho. O agente também atuou em operações de combate à pedofilia e de proteção a testemunhas. Ele foi ainda candidato a deputado distrital em 2010 pelo PT do B.
"Ele era um profissional competente, trabalhador e, nas oportunidades em que ele trabalhou com o gabinete, exerceu muito bem as atividades", comentou a superintendente Silvana Borges.
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