O comandante do 6º Batalhão de
Santos, no litoral de São Paulo, Major Brito Junior, disse que um inquérito militar foi instaurado para apurar a perseguição policial que resultou na morte de um jovem de 19 anos. O caso aconteceu na madrugada desta quinta-feira (19), no morro do São Bento, em Santos, no litoral de São Paulo. Ainda segundo o major, os quatros policiais militares envolvidos foram autuados em flagrante e serão encaminhados para o presídio Romão Gomes, em São Paulo.
Seis jovens estavam em um carro que não obedeceu à solicitação de parada da Polícia Militar no morro da Nova Cintra. Os policiais reagiram e dispararam mais de 25 vezes contra o veículo. Segundo declaração do condutor José Luiz Lima, no boletim de ocorrência, ele não parou na abordagem da PM pois não tinha habilitação. A polícia suspeitou que pudesse ser um sequestro relâmpago e iniciou a perseguição. Pouco depois os policiais conseguiram cercar o carro e começaram a atirar.
A maioria dos tiros foram em direção ao banco do motorista, um rapaz de 28 anos que conseguiu se abaixar e não foi atingido, assim como o que estava no banco do passageiro. De acordo com informações do boletim de ocorrência, os tiros partiram apenas dos carros dos policiais. Duas viaturas da PM fecharam o veículo. Os policiais que estavam na frente ouviram os tiros indo na direção deles e revidaram, mas os disparos eram da outra viatura que fazia o cerco.
Bruno Vicente Gouveia Viana, de 19 anos, morreu. O pai dele, João Viana, ficou revoltado com a situação. “Não houve troca de tiros. Acontece que eles pararam o carro, e depois do carro estar parado, houve a execução porque todos os tiros saíram de fora para dentro”, diz.
Outras duas pessoas, de 15 e 20 anos foram baleadas e encaminhadas ao Pronto Socorro de Santos. Os ocupantes do carro passaram por um exame residuográfico que aponta se houve disparo de arma de fogo. Dentro do carro onde os jovens estavam, sendo eles dois menores de idade, foram encontradas duas armas, sendo uma de brinquedo.
Em depoimento na delegacia, os jovens contaram que voltavam de um mercado quando perceberam a blitz da Polícia Militar em um trecho do morro da Nova Cintra, em Santos. Eles decidiram acelerar o carro e fugir porque o motorista não tinha carteira de habilitação. Já os policiais disseram que dispararam porque pensaram que seriam atropelados e, depois, porque alguns policiais militares acharam que os tiros dados pelos colegas vinham de dentro do carro e, por isso, revidaram. “É duro. É uma coisa que eu vi acontecer com os outros e não sabia como é que era. Agora eu estou vendo na minha pele. Eu deixo um recado para os jovens ouvirem seus pais porque eles têm experiência na vida e querem o bem”, disse o pai de Bruno Viana.
A adolescente de 15 anos que foi baleada continua internada e a situação dela é grave. Já o jovem de 20 anos está no quarto, na Santa Casa de Santos, mas ainda não tem previsão de alta.
Carro foi atingido por mais de 25 disparos em Santos (Foto: Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos)
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