Dilma deve anunciar hoje três ministros do PMDB
BRASÍLIA, (AE) - Nove dias depois de anunciar os principais nomes de sua equipe econômica, e dois dias depois de desautorizar anúncio do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sobre a escolha de Sérgio Côrtes para o Ministério da Saúde, a presidente eleita, Dilma Rousseff, começa a atender o PMDB, seu principal aliado e partido do vice, Michel Temer.
Dilma deverá anunciar hoje três ministros do PMDB, por intermédio de nota - o que já está se tornando uma marca da forma como divulga os integrantes de sua equipe - mais uma leva de outros, cujos nomes vazaram a conta-gotas desde que foi eleita. Entre eles estão, além dos peemedebistas, o grupo conhecido como "Cozinha do Planalto", integrado pelos ministros mais próximos a ela e os de outras pastas, como o Ministério das Relações Exteriores, cujo escolhido foi Antonio Patriota, atual secretário-executivo.
Entre os nomes do PMDB, estão o ex-deputado Wagner Rossi, da cota pessoal do vice Michel Temer, que será mantido no Ministério da Agricultura, o senador Edison Lobão (MA), que volta ao Ministério das Minas e Energia por um acordo entre o grupo do presidente do Senado, José Sarney (AP), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma, e Nelson Jobim, que permanece no Ministério da Defesa. Jobim, embora do PMDB, teve como padrinho o presidente Lula.
Comunicações
Para o Ministério das Comunicações deverá ser anunciado o nome do atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, esta uma escolha pessoal de Dilma. Ela pretendia aproveitá-lo ao seu lado, no Palácio do Planalto, mas achou que ele dará um jeito nesse ministério, um foco de problemas, principalmente por causa de estatais como os Correios, ultimamente envolvida em denúncias de corrupção e tráfico de influência.
Também deverá ser anunciada as escolhas de Antonio Palocci para a Casa Civil e de Gilberto Carvalho para a Secretaria-Geral do Palácio do Planalto, estes os ministros tidos como os da "Cozinha". O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), amigo de Dilma e integrante da equipe de transição, ficará com o Ministério da Justiça.
Antes, Dilma havia anunciado sua equipe econômica: Guido Mantega, que foi mantido na Fazenda, Alexandre Tombini para o Banco Central, no lugar de Henrique Meirelles, e Miriam Belchior para o Planejamento, em substituição a Paulo Bernardo.
Valadares
Dilma fez um convite para que o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) passe a integrar seu governo. A princípio, ele deverá ir para o lugar de Luiz Barreto, do Turismo, que é ligado ao PT paulista. Mas Valadares poderá receber outra pasta, visto que a do Turismo está sendo muito disputada pelos partidos aliados por causa da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Nesse caso, o atual presidente do PT, José Eduardo Dutra, assumirá uma vaga no Senado, visto que é suplente de Valadares.
Gerdau no governo
BRASÍLIA, (AE) - O empresário Jorge Gerdau aceitou ontem o convite da presidente eleita Dilma Rousseff de integrar o núcleo de gestão do próximo governo. O formato do núcleo ainda não foi definido, mas Gerdau conversou com Dilma sobre instrumentos para aperfeiçoar a gestão pública.
"O tipo de mecanismo que existe hoje no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem de ser estendido a toda uma estrutura de governo. No fundo, é preciso criar mecanismos de aprimoramento de gestão", defendeu Gerdau, depois do encontro com Dilma, no Centro Cultural Banco do Brasil. "O mundo de hoje exige aprimoramento em tudo, todos os dias", acrescentou.
Cabral diz que errou ao anunciar Côrtes
BUENOS AIRES, (AE) - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), pediu desculpas ontem à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), por ter anunciado a indicação de seu secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, para o Ministério da Saúde. "Eu cometi esse erro e peço desculpas. Foi uma deselegância de minha parte porque quem escolhe ministro é o presidente ou alguém delegado por ele", disse Cabral, em entrevista a jornalistas brasileiros em Buenos Aires.
O governador relatou que foi convidado por Dilma Rousseff para uma reunião na última segunda-feira na Granja do Torto. "Nesta conversa, ela demonstrou o seu desejo de ter o secretário Côrtes, que é um técnico qualificado da Saúde, como ministro. E eu me empolguei e me precipitei. Mas, na verdade, ela não formalizou o convite", emendou.
Indagado sobre se "a precipitação" pode terminar derrubando a indicação de Côrtes, Cabral disse que a decisão cabe à presidente eleita. "Não vou mais falar sobre esse assunto porque, na verdade, era uma escolha técnica. Ela mesma frisou que na Saúde tem que entrar um conceito técnico de gestão", disse ele, argumentando que a indicação não faz parte da cota de cargos do PMDB no governo.
Precipitação
“Eu jamais pedi à Dilma que seja o Côrtes. Foi uma iniciativa dela, mas que eu me precipitei em anunciar. Na campanha política, em todo debate sobre saúde pública ela mencionava nossa política da UPA 24 horas (Unidade de Pronto Atendimento)", justificou. Cabral disse ainda que, durante a campanha, a presidente eleita disse a ele que ia "acabar levando o Côrtes". Na verdade, continuou, "o Côrtes foi mencionado como um técnico. Ele nem é filiado ao PMDB".
Além de dizer que a escolha é de Dilma, Cabral também afirmou que quem negocia os cargos de seu partido no governo é o vice-presidente eleito, Michel Temer, dirigente nacional da sigla. "Eu já tenho que cuidar dos assuntos do Estado, mas tenho certeza que tudo vai acabar muito bem porque o vice-presidente Michel Temer, junto com a presidente Dilma, vão ter uma integração muito grande", ressaltou. O governador contou ainda que falou com Dilma Rousseff ontem (anteontem), mas que ela não lhe deu nenhum puxão de orelhas. "Somos amigos e temos uma relação de enorme respeito."
Lula: Dilma contará com Senado flexível
BRASÍLIA, (AE) - Na entrevista que concedeu ontem para as rádios comunitárias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a presidente eleita, Dilma Rousseff, "é uma entusiasta da nova regulação da comunicação do Brasil". Segundo ele, "a Dilma não veio de onde eu vim, mas ela vai para onde eu vou. Ela vai fazer muita coisa, pode ficar certo que ela é uma mulher com uma cabeça boa, arejada, que tem compromissos sociais com o povo e acho que vai fazer coisas extraordinárias", disse Lula.
O presidente comentou que o novo governo terá mais facilidades de aprovar propostas no Congresso porque o Senado estará mais favorável a ela."Hoje temos uma correlação de forças no Congresso Nacional melhor do que no governo passado. Poderemos avançar. O resultado da eleição foi melhor e o Senado será muito mais flexível. Temos mais senadores, gente com a cabeça mais arejada", declarou.
TV nacional
Lula se queixou que, durante a campanha, descobriu que "na maioria das cidades do interior as pessoas não viam a propaganda dos candidatos do Estado porque só tem TV parabólica". E aí passou a fazer uma defesa de mudanças no setor: "As pessoas pensam que sou contra determinadas coisas. Eu não sou contra. Só que eu acho que não é normal que a gente não tenha conseguido criar as condições - e eu espero que a gente consiga agora com a regulação - para que tenha uma televisão nacional. É importante que as pessoas vejam o que tem em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas é importante que São Paulo e Rio de Janeiro vejam o que tem em Minas Gerais, Pará, Manaus Porto Velho, Roraima", disse o presidente.
"É preciso mostrar uma inteiração, porque a democracia tem uma mão para ir e uma mão para voltar. Não são só as pessoas de Manaus, Parauapebas, Maués, Porto Velho Macapá assistirem as coisas com o olhar da cultura do Centro-Sul do país. Por isso nós trabalhamos a necessidade que você tenha uma programação regional mais forte", completou Lula.
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