Tragédia da Gol: Brigadeiro admite falhas na investigação
A audiência ocorreu em Brasília, durou 4 horas e revelou falhas no processo investigativo do acidente que matou 154 passageiros e tripulantes, em 2006.
Aracaju (27 ajn) - O Brigadeiro Jorge Kersul Filho foi ouvido nessa quarta-feira, 26, pelas partes envolvidas no caso da colisão do Voo 1907 da Gol com o jato Legacy, que matou todos os 154 passageiros e tripulantes, em 2006. A audiência ocorreu em Brasília, durou 4 horas e revelou falhas no processo investigativo do acidente.
O oficial da Aeronáutica admitiu que em algumas situações o relatório foi falho e que o Legacy não estava autorizado a voar em espaço aéreo reduzido (menos de 2 mil pés de distância entre uma aeronave e outra). Além disso, ele admitiu que os pilotos não tinham experiência de voo na América do Sul e os laudos mostram que eles não conheciam o plano de voo. O Brigadeiro também admitiu que as investigações comprovaram que o TCAS estava desligado durante o voo do Legacy.
Em vários momentos da oitiva a testemunha alegou “falta de memória” para relatar os fatos que ocorreram há quatro anos e reforçou que os acontecimentos que não estão transcritos no relatório investigativo são muito difíceis de recordar.
Kersul entregou, durante o período inicial do processo, os equipamentos do jato Legacy à empresa americana ExcelAire, proprietária do avião, quando os mesmos eram peças importantes no andamento das investigações. O oficial disse nesta quarta-feira, na audiência, que não recebeu nenhum pedido oficial para devolver os equipamentos à Polícia Federal. Em contrapartida, documentos comprovam que o juiz Murilo Mendes, magistrado responsável pelo processo, determinou a apreensão da aeronave antes da devolução dos bens.
Para que as peças do Legacy pudessem ser enviadas à fabricante, é necessário que um documento seja assinado por um oficial da Polícia Federal. Na audiência o Brigadeiro alegou que desconhecia a necessidade desse documento e que o espaço reservado a essa assinatura no mesmo estava em branco.
Além do Brigadeiro foram ouvidas duas testemunhas indicadas pelos controladores. A próxima audiência, com uma testemunha de defesa dos acusados, está marcada para dia 08 de fevereiro.
Os dois pilotos norte-americanos, Joseph Lepore e Jean Paul Paladino, responsáveis pelo acidente, continuam trabalhando normalmente para as empresas American Airlines e ExcelAire. Ambos ainda não foram julgados e o processo criminal movido contra eles prescreve em junho deste ano.
Perfil da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907
A Associação foi fundada em 18 de novembro de 2006, na cidade de Brasília, no Distrito Federal, com o objetivo de reunir e organizar os familiares e amigos das vítimas do acidente aéreo Voo 1907, da empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A, para lutar pela defesa de todos os direitos e interesses dos que sofreram com a morte de entes queridos. Além disso, a Associação exige a apuração em todas as esferas administrativas e judiciais (cível e criminal) das causas que levaram à queda do avião, ocorrida no dia 29 de setembro de 2006, da mesma maneira que auxilia os familiares das vítimas a obter junto ao poder público e aos responsáveis pelo evento, todas as informações pertinentes sobre o sinistro, bem como obter o reconhecimento de seus direitos. Mais informações pelo site http://www.associacaovoo1907.com/?l=que e adesão ao abaixo-assinado pelo site www.190milhoesdevitimas.com.br.
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