No aspecto complexidade, entraria a má vontade expressa do Governo de Déda - João sempre insiste na questão pessoal do governador -, que compreende a necessidade negada de manutenção tecnológica à altura do exigido. João justifica que aqueles cabos que dão o aspecto do estaiamento da ponte, e toda a consequente infra dela, não são apenas de enfeite. São de sustentabilidade também - o que faz da manutenção disso uma questão de 'vida ou morte'. Ele compara aquela cabaria esfiapada toda, que de longe confere uma aparência estética bela à ponte, com os cabos que sustentam as velas de um barco. "O barco a vela têm três cabos de aço que lhe dão sustentação. Se um dos cabos do veleiro folgar ou deslocar, a resistência dos três passa ser feita por apenas dois. E cabe averiguar se os dois aguentam o peso do barco, senão ele afunda. Portanto, os cabos do estaiamento não são só peças de beleza. São estruturais. Servem para segurar, sustentar. Tem que se olhar e zelar pela regulagem sistematicamente. É diferente das pontes retas, de concreto armado. A Joel Silveira, por exemplo, inaugurou e pode deixar ali pelo resto da vida", diz João. A Joel Silveira foi feita pelo Governo Déda, fica sobre o rio Vaza-Barris e liga Aracaju ao litoral Sul do Estado - Itaporanga e Estância. Na visão de João Alves é aí que a suposta má vontade de Déda, ou do seu Governo, entraria como uma questão de risco. A ponte Aracaju-Barra, que custou R$ 130 milhões aos cofres do Estado, foi inaugurada no dia 24 setembro de 2006. Com ela, João Alves achava que daria o tiro de misericórdia e ganharia a eleição para 'o menino' insurgente Marcelo Déda. Só que o tiro saiu pela culatra. Ainda assim, o ex-governador alega que ao passar o Governo em janeiro de 2007 deixou contratada desde 2006 a empresa Laboratório de Sistemas Estruturais - contrato DER/SE PJ-014/2006 -, cuja finalidade era o de dar assessoria às necessidades da ponte toda especial. DESLEIXO POR VINGANÇA Segundo João Alves, em outubro de 2009 a Laboratório de Sistemas Estruturais apresentou um relatório completo apontando as necessidades reais de manutenção. Déda, afirma João, teria feito ouvido de mercador, abrindo brechas para o suposto 'desastre de proporções inimagináveis'. "Ela veio a Sergipe, mediu, analisou tudo e entregou um diagnóstico ao Governo, ao DER e à Secretaria de Obras. Mas eles debocharam. E até hoje não fizeram nada. O risco não é só da PCJA. Em janeiro deste ano, a população de Brasília levou um susto com um estalo na maior ponte estaiada da capital, a JK. Tiveram que interromper seu tráfego. Falaram em demolir, mas recuperaram e foram liberando aos poucos. Por quê? Porque negligenciaram na manutenção. Mas Deus ajudou aos brasilenses, já que houve este anúncio prévio e não se deu o pior. Mas o caso da JK não é único. Houve registros de mais dois - no Pará e no Mato Grosso", diz João. De uma estimativa de sinistro futuro e muito no campo da especulação, João Alves faz um cavalo de batalha político retrospecto e vai na jugular de Déda, aprofundando a sua suspeita - pouco provável, e negada por Déda e seus assessores - de que o atual governador torce por uma tragédia para macular a autor da ponte. "Como o Governo de Marcelo Déda já passou uma péssima imagem com os casos da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e do Hospital Infantil, dificultando a abertura de uma e quebrando a marretadas o outro, num negócio patológico, eu não duvido que ele esteja fazendo isso com a Ponte Construtor João Alves para se vingar e tentar jogar a culpa sobre mim", diz João. "Com outro governador eu não pensaria assim. Mas do atual não posso pensar diferente. Ele acha que todos pensariam que seria culpa minha. Mas ele está redondamente enganado: hoje se algo de errado ocorrer com a PCJA, a responsabilidade seria dele, que teria infringido todas as éticas - moral e técnica. Aliás, o governador Marcelo Déda não tem nenhuma condição de dizer que desconhece as exigências de manutenção de uma ponte estaiada. Afinal ele é advogado do Crea e passou pelo Confea. Ninguém mais do que ele conhece a ética e a dinâmica da engenharia deste tipo de obra. Não me sinto feliz em ver Marcelo Déda empreendendo um desgoverno em Sergipe. Aliás, isto é a coisa que mais me constrange. Porque eu quero o bem deste Estado", afirma João. CASO VAI PARAR NA JUSTIÇA A preocupação de João Alves Filho e o alerta que ele faz sobre o futuro da ponte Barra-Aracaju já viraram mais uma questão de Justiça do ex-governador contra o atual. A outra ação é a do Hospital Infantil. No caso desta, foi reconhecido pela Justiça local o erro do Governo e mandado reconstruir. Déda recorre ao STF. João suspeita que ele perde feio por lá. "O direito dele é péssimo. Já tem um não de Gilmar Mendes", diz. Agora, através dos advogados Flamarion d'Avila Fontes e Antônio Carlos de Oliveira Bezerra, João entrou com uma ação popular com pedido de liminar contra Déda, Valmor Barbosa, secretário da Infraestrutura, e Antonio José de Vasconcelos, diretor- presidente do DER/SE. Na ação em nome de João, os advogados repetem as mesmas premissas das supostas negligências aventadas pelo ex-governador. Eles falam da 'visualização' de uma 'evidente possibilidade de lesividade irreparável ao patrimônio público diante da ilegalidade do ato de omissão dos agentes públicos' Déda, Valmor e Vasconcelos, o que, para Flamarion e Antônio Carlos, 'justifica a concessão de liminar para que obrigue de incontinenti o Governo Estadual e seus órgãos específicos promover as recomendações técnicas indicadas pela LSE em Relatório Síntese'. "Em assim sendo, o autor (João Alves) requer por derradeiro seja julgada procedente a ação, acolhendo os pedidos para determinar definitivamente o controle sobre o comportamento estrutural da ponte Aracaju/Barra, tudo de modo a garantir o bom desempenho da obra ao longo da vida útil daquele patrimônio público, evitando desse modo o surgimento de problemas estruturais", conclui a ação. Enquanto a Justiça não decide, o ex-governador João Alves Filho segue fazendo seu juízo de valor sobre o suposto e deliberado modo de agir de Déda. "Um homem que fez o que fez com a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e com o HospitaI Infantil, onde morreram centenas de pessoas, pode querer derrubar a ponte e me indispor. O passado dele o condena", diz.
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