Padre é proibido de trabalhar em Sergipe
Texto: Janaina Cruz - Foto: Juliana Oliveira/DivulgaçãoO padre cantor Antônio Maria está proibido de realizar shows, casamentos ou qualquer outro evento em Sergipe pelos próximos cinco anos. A punição partiu da Arquidiocese de Aracaju e foi aceita pelos bispos das outras duas dioceses de Sergipe. O motivo? Conforme dom Henrique Soares, bispo auxiliar de Aracaju, o padre realizou uma “simulação de matrimônio no interior do Estado”. A cerimônia foi do prefeito de Capela, Manoel Messias, mais conhecido por Sukita, com Silvany Mamlak, no dia 9 de setembro deste ano. O bispo explicou que, pelas normas da Igreja Católica, é ato grave qualquer ministro ordenado simular um sacramento, isto é, fazê-lo de modo que induza a se pensar que foi celebrado um sacramento ou dada uma bênção. Tal procedimento é vedado pelas normas canônicas. “A bênção que o padre Antônio Maria deu e a sua simples presença induziram a se pensar que houve aprovação da Igreja numa união civil entre pessoas que já estavam unidas num outro anterior matrimônio”, esclareceu Dom Henrique. Ele lembrou que conforme as leis da Igreja, o matrimônio é indissolúvel e nenhum padre pode abençoar uma segunda união. “Aqui não vai nenhum julgamento às pessoas que vivem nesta situação ou aos motivos dessa união. Trata-se simplesmente de um fato objetivo: para a Igreja, o matrimônio é indissolúvel e monogâmico porque assim Cristo o determinou, de modo que nenhum ministro religioso tem autoridade para agir de modo a ferir a indissolubilidade de um matrimônio contraído diante de Cristo validamente”, ressaltou o bispo auxiliar. Dom Henrique contou ainda que o padre Antônio Maria foi informado que havia um procedimento contra ele na Cúria de Aracaju e foi intimado a comparecer para prestar esclarecimentos. “Ele compareceu, explicou a situação, reconheceu seu erro e, publicamente, manifestou este reconhecimento, já que o escândalo foi público e exigia uma satisfação ao clero e aos católicos sergipanos, bem como a toda sociedade. Depois, recebeu a punição, que tem como objetivo corrigir o culpado e reparar o erro”, disse o bispo, acrescentando que conversou com o padre de modo sereno e caridoso. Ainda conforme dom Henrique, o padre Antônio Maria aceitou “serenamente” a punição porque conhece bem as normas da Igreja. “A impunidade é um mal grave, pois não corrige o que errou, desestimula aos que se esforçam para viver corretamente e estimula outros a cometerem o mesmo erro. Corrigir e punir caridosamente a quem erra é um dos deveres do bispo, dever difícil, grave e oneroso, diga-se de passagem”, admitiu dom Henrique. De acordo com o bispo auxiliar de Aracaju, não é a primeira vez que o padre Antônio Maria comete o mesmo erro. “Ele havia feito uma simulação na união do jogador Ronaldinho, em 2007. Esta sanção certamente ajudará o padre a nunca mais repetir tal erro. Uma coisa é certa: o padre Antônio Maria não aceitará nenhum convite para shows ou quaisquer outras atividades em Sergipe neste período e agirá assim em paz, com tranquilidade e espírito de obediência e fé”, ressaltou dom Henrique. Sukita divulga nota O prefeito de Capela, Manoel Messias Sukita Santos, e sua esposa, Silvany Mamlak Sukita, divulgaram uma nota, na tarde de ontem, dizendo que o padre Antônio Maria não celebrou o casamento deles. Foi explicado que a cerimônia referiu-se à união civil presidida pelo juiz Paulo Teles Barreto, da Comarca de Capela. ^ “O padre Antônio Maria não celebrou nosso casamento, mas esteve presente na cerimônia como convidado e fez um show para os presentes ao final da cerimônia civil”, enfatizaram. Em nota, o casal disse também que respeita a decisão da Arquidiocese de Aracaju e que “não vem ao caso opinar se a mesma foi justa ou não”. Mesmo assim, eles definiram a punição como “muito dura”. “Entendemos que todos nós agimos de boa fé e não pensamos, em qualquer momento, prejudicar quem quer que seja”, acrescentaram. O casal lembrou que o padre já participou de outras cerimônias similares, como dos cantores Roberto Carlos e Alexandre Pires, e do jogador Ronaldo ‘Fenônemo’. “E em nenhum dos Estados recebeu tal punição como a que ocorreu em Sergipe”, ressaltaram Sukita e Silvany. Eles falaram que a relação deles com o padre Antônio Maria continua inabalável. “Bem como nossa fé na religião Católica e a nossa consideração, nosso respeito e o nosso carinho aos arcebispos Dom José Lessa e Dom Henrique”, enfatizaram. Ao final da nota, o casal disse que a intenção da cerimônia foi apenas a de oficializar uma união que já durava dez anos. “Hoje formamos uma família, com duas filhas, Manuelle Sukita, com 7 anos, e Vitória Sukita, com 5 anos”, revelaram. O casal agradeceu ainda às pessoas que manifestaram solidariedade, carinho e consideração diante o episódio.
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